
Governo admite haver mais toneladas. PCP e Junta querem “resolução urgente” do problema
“Efetivamente, há mais resíduos do que aqueles que se estimaram que existia. Portanto, o processo em curso só irá remover uma parte dos resíduos. Está já a ser feita uma avaliação rigorosa”, confirmou o vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Carlos Neves, à Agência Lusa, após uma reunião que decorreu a 21 de abril e juntou representantes do Ministério do Ambiente, Câmara de Gondomar, União das Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova, Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).
Para Daniel Vieira, da União das Freguesias, o importante agora é “perceber o plano do Ministério do Ambiente e da CCDR-N para resolver o problema”. “Estavam estimadas 88 mil toneladas e no concurso público foram salvaguardados mais 20%, mesmo assim o desvio é maior. A informação oficial foi-nos comunicada hoje. Ao longo do processo de remoção registamos uma disparidade constante entre os números anunciados ao longo dos anos. Nos últimos dias fizeram-nos chegar uma denúncia que apontava a existência de desvios elevados em relação à quantidade de resíduos existente no local”, explica ao Vivacidade.
“O processo continua a ser prioritário para o Ministério do Ambiente”, garante Daniel, mas vai ser promovida uma outra reunião com o secretário de Estado. “Achamos necessário um compromisso do Ministério, porque pode ser necessário um novo concurso público e não podemos ter apenas uma parte dos resíduos removidos. A requalificação da área fica afetada pela existência de mais resíduos no local”, indica o autarca.
Na reunião promovida pela CCDR-N foi confirmada à autarquia local que “durante os meses de maio e junho haveria novos elementos sobre essa matéria”. “Vamos questionar todas as autoridades competentes para percebermos o que podemos fazer”, acrescenta o presidente de S. Pedro da Cova.
À Lusa, o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, confirmou que o Governo reconheceu que houve uma “subquantificação do volume de resíduos depositados”. Ambos os autarcas vincaram a importância da remoção “não ficar a meio”, tendo Carlos Neves, que citou a explicações dadas pelo Governo na reunião, apontado que a solução poderá passar pelos fundos do Portugal 2020, através do Programa Operacional da Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR). Marco Martins procurou “não especular sobre novas datas e quantidades” de forma a evitar “alarme”, mas não esqueceu que o espaço “deve ser recuperado e reabilitado” para que a população seja “compensada”.
PCP questionou Governo para “apurar responsabilidades”
Ao Vivacidade, a deputada do Partido Comunista Português da Assembleia da República, Diana Ferreira, confirmou que o partido já questionou o Governo sobre o assunto. “O PCP teve conhecimento da existência de mais resíduos perigosos do que aqueles que foram inicialmente detetados e da existência de resíduos fora da área de intervenção. Já questionamos o Governo no sentido de apurar responsabilidades que entendemos fundamentais. Além disso, entendemos ser urgente tratar com urgência da remoção dos resíduos que restam e compensar a população pelos prejuízos que têm tido”, disse em entrevista. Para já, indica Diana Ferreira, “ainda não existe nenhum compromisso da parte do Governo e da CCDR-N” mas as sete perguntas já seguiram para a administração central.
“O PCP insiste na necessidade de apuramento de todas as responsabilidades políticas e criminais neste que é, seguramente, um dos piores atentados ambientais do distrito do Porto e do país”, lê-se no documento enviado aos Ministérios do Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local.