
Após considerar que existiu “um atentado à sua honra”, Francisco Laranjeira, presidente da Assembleia Geral da Associação Comercial e Industrial de Gondomar (ACIG), convocou a 11 de novembro uma conferência de imprensa com a imprensa local para reagir à entrevista de Graciano Martinho, presidente da direção da ACIG, ao Vivacidade.
O que o levou a convocar esta conferência de imprensa com a imprensa local?
O que me levou a marcar esta conferência de imprensa foram as notícias que têm sido publicadas nos jornais locais de Gondomar sobre a Associação Comercial e Industrial de Gondomar (ACIG). As recentes publicações não correspondem à verdade e ofenderam a minha pessoa. Como presidente da Assembleia Geral da ACIG entendi que deveria ser o último a falar mas não posso ser vítima desta conspiração. Eu tentei salvar esta associação e como não tive oportunidade de falar aos sócios decidi tomar esta decisão ao mesmo tempo que convoco uma Assembleia Geral.
Acha que existiu um atentado à sua honra?
Claramente, de todas as formas. Graciano Martinho, presidente da ACIG, fez-se de vítima quando disse que entregou a associação em plenas condições à direção e que não existiam dívidas.
E existiam?
A verdade é que a ACIG devia 393 mil euros em 5 de março deste ano. O presidente da ACIG anda a enganar as pessoas porque a verdade é que a associação devia subsídios de férias e de natal ainda de 2013. Além disso, ainda andamos a pagar dívidas de 2009. Tenho uma carta pronta a dirigir aos associados mas não a posso enviar porque ainda não me foram dadas as etiquetas com as moradas dos sócios.
Qual é a sua versão?
Em janeiro, o presidente da ACIG adoeceu e chamou-me a casa dele para pedir a suspensão de mandato por um ano, medida que ficou concretizada a 20 de janeiro. Até esse momento, Graciano Martinho foi sempre informado pelo secretário da direção, David Santos. Entretanto, nessa mesma altura pediu-me também ajuda financeira para a ACIG pagar à Profiforma, empresa responsável pelas ações de formação na associação. A Profiforma reclamava 60 mil euros. Existiam portanto dificuldades de tesouraria ao contrário do que é dito. Levei o assunto à Assembleia Geral e foi-me dito que existiam dificuldades de tesouraria.Nesse período pedi para ter acesso às contas da ACIG e foi nesse momento que percebi a situação financeira da associação. Cheguei a ter as contas da ACIG penhoradas pela Segurança Social. Por iniciativa minha, passei um cheque de 3.588 euros para fazer o pagamento face às despesas com a condição de ser pago mal fosse possível. Esse valor foi posteriormente pago em três cheques, situação que lamento quando se diz que havia dinheiro.
Essa dívida consigo está paga?
Entretanto já foi paga. Além disso, também emprestei 12.500 euros à associação mas também já estão pagos.
Assim sendo, existiam dívidas da ACIG?
Graciano Martinho está a fazer-se de vítima e veio para os jornais locais dizer que entregou a associação à direção e que a direção deu cabo tudo. É mentira. As dívidas foram todas contraídas durante a presidência de Graciano Martinho. Os diretores nem sequer tomaram posse durante a suspensão do mandato do presidente. Inclusivamente, os funcionários chegaram a fazer greve em abril e fui eu que falei com eles, com o tesoureiro e o secretário da direção e obriguei-os a pedir um empréstimo de 15 mil euros à banca para pagarmos os salários em falta. Esse empréstimo chegou a ser feito já pelo Graciano Martinho, quando regressou à ACIG. Ou seja, contraiu mais uma dívida.
Quanto tempo esteve o mandato do presidente da direção suspenso?
Foram três meses em suspensão de mandato. Desde o dia 20 de janeiro até ao dia 5 de maio, mas nunca deixou de ser presidente. Graciano Martinho está a acusar esta direção da existência de dívidas mas elas já existiam e ele nunca deixou de ser presidente.
Face a estas condições financeiras que medidas tomou?
Fui falar com o Banif, após uma autorização da Assembleia Geral, e pedimos uma renegociação do empréstimo com um spread mais baixo – 2,5% – que o atual – 5% – para saldarmos todos os empréstimos que existiam. Entretanto regressa o Graciano Martinho e volta tudo à estaca zero, mas a verdade é que teve que pedir um empréstimo quando regressou. Chamo a isto gestão danosa.
Neste momento as contas da ACIG estão penhoradas?
Já não estão mas estiveram penhoradas.
Acha que o presidente da direção deve apresentar a demissão?
O presidente da direção, a direção e o presidente da Assembleia Geral da ACIG não se demitem porque avalizaram empréstimos para a ACIG que continuam a ser pagos. Como demos o nosso aval estamos presos por estas situações.
Já pensou na hipótese de convocar eleições?
Eu não convoco eleições porque não quero. No entanto, todos os diretores da ACIG entregaram-me a carta de demissão para eu fazer o que quisesse. Foi-me pedido que tentasse aguentar ao máximo esta direção, caso contrário a direção tinha caído. No dia 30 de novembro vou convocar uma Assembleia Geral. Podia ter demitido a direção mas a associação já estava mal e não podia ficar pior.
Se os sócios manifestarem o interesse em convocar eleições está disponível para se candidatar à presidência da ACIG?
Estou disponível para convocar eleições. No entanto, no final deste mandato vou deixar de ser sócio. Candidatar-me à presidência da direção está fora de questão.
Face a esta situação que apresenta, que futuro prevê para a ACIG?
A ACIG tem futuro mas lamento que não exista nenhum sócio da associação a receber informação sobre os apoios que estão disponíveis para as empresas. A Margem é que está a fazer esse trabalho de divulgação. Além disso, quando o Graciano Martinho refere que deu muitos donativos à associação, eu digo que Graciano Martinho já recebeu entre 150 a 250 mil euros nos últimos 20 anos. Desafio-o a provar o contrário.
Neste momento a ACIG não é útil aos gondomarenses?
Não, não é útil aos gondomarenses.