
Hugo Santos, atleta gondomarense de 24 anos, joga andebol no FC Porto há já vários anos, sente o clube como poucos e fez dos obstáculos verdadeiras catapultas para alcançar o sucesso na sua “tão querida” ponta-esquerda. Os dois momentos em que foi emprestado a outros clubes demonstraram a sua enorme qualidade e vontade de vencer, sendo que o seu regresso aos dragões acabou por ser uma consequência disso mesmo.
Como foi a tua caminhada no FC Porto até à titularidade?
Hugo Santos (HS) – Nem sempre foi fácil, tinha um treinador muito exigente… Foi complicado lidar com ele [Obradovic] principalmente no início, até ter a sua confiança, que foi uma tarefa bastante difícil. Passei por momentos menos bons, mas depois chegou uma altura em que me senti realmente preparado para jogar mais tempo e estar presente em mais momentos ao longo da época. Claro que a ajuda dos meus colegas também foi fundamental para atingir esse estatuto.
E qual é para ti o significado de representar o FC Porto?
HS – É um orgulho gigante, visto que também sou portista desde pequenino e este é o meu clube do coração. É sempre melhor estarmos num clube em que nos identificamos com a cultura e onde sentimos verdadeiramente o símbolo que carregamos ao peito.
Tens a ambição de jogar no estrangeiro?
HS – Claro que toda a gente gostava de experimentar outros patamares competitivos. Contudo, sinto que aqui em Portugal não podia estar melhor. Estou perto da minha família, da minha namorada, dos meus amigos e jogo no melhor clube de todos os tempos. Conquistamos sete campeonatos seguidos e não poderia estar mais feliz neste momento.
E jogar por outra equipa em Portugal, é uma hipótese para ti?
HS – Nunca digo nunca na minha vida. Porém, no que depender de mim só quero jogar no FC Porto e fazer uma carreira irrepreensível com esta camisola vestida.
E como é ser atleta de alta competição? Tiveste que abdicar de muita coisa?
HS – Claro que sim. O andebol requer muita dedicação e não posso fazer certas coisas que a maioria das pessoas faz. Tenho que estar menos tempo com os meus amigos e com a minha namorada do que aquilo que realmente gostava. Conviver menos à noite. Nem sempre é fácil conciliar a carreira desportiva com a minha licenciatura em Desporto, apesar de fazer um esforço para que tal aconteça. Ser atleta de alta competição é isto, também tem alguns pontos negativos, mas faz parte da vida que escolhi.
Quanto à modalidade que te apaixona, quando é que despertou a paixão pelo andebol?
HS – Tudo começou na companhia dos meus dois irmãos. O mais velho, o Nuno, também jogava no FC Porto e desde pequeno que eu ia com o meu irmão do meio, o Pedro, ver os treinos dele e começávamos lá a brincar… Entretanto, o próprio Pedro também começou a jogar no FC Porto e eu, com esse acompanhamento assíduo, também despertei uma paixão pela modalidade e comecei a praticar.
E porque não o futebol? O que fez a diferença?
HS – Apesar de também gostar muito de futebol, convivia mais com o andebol e acho que fui ganhando algum jeito para jogar. Aperceberam-se da minha qualidade e hoje acho que foi a melhor opção.
Sempre jogaste como ponta-esquerda ao longo da tua carreira?
HS – Nas camadas jovens joguei sempre como central, mas tenho noção que quanto mais ia subindo – escalões e exigência competitiva – com o meu porte físico ia tornando-se cada vez mais complicado competir como central. A partir dos Juvenis passei para a ponta-esquerda e desde então continuo lá. É totalmente diferente, mas agora sei que tomei uma boa decisão e é onde me sinto melhor a jogar andebol.
Queres falar-me um pouco da tua alcunha de “penetra”?
HS – Isso já é um bocado do passado [risos]. Foi durante a minha formação. Por ser pequenino e na altura jogar como central eu conseguia ultrapassar os meus adversários por espaços muito reduzidos, onde mais ninguém conseguisse passar.
Entretanto já representaste a nossa seleção nacional. Como foi o sentimento de receber a primeira convocatória?
HS – É sempre muito bom ser chamado à seleção portuguesa. Na altura não estava à espera, foi por uma infelicidade de um jogador que costuma ser convocado. Foi um orgulho gigante a minha primeira internacionalização e acho que o nosso país tem ganho mais visibilidade no panorama internacional, sendo que a excelente participação do FC Porto na Champions também ajudou.
Tens algum ídolo no andebol?
HS – Todos temos os nossos ídolos. As minhas grandes referências são o Uwe Gensheimer, ponta-esquerda do Rhein-Neckar Löwen, e o Martin Stranovsky, um atleta eslovaco que também joga como ponta-esquerda.
Alguma vez jogaste por algum clube gondomarense?
HS – Não, nunca tive essa oportunidade.
Gostarias de ser mais reconhecido pela autarquia, uma vez que a Câmara Municipal de Gondomar organizou uma Gala do Desporto e tu não estavas nomeado?
HS – Penso que todos gostamos de ser reconhecidos pelos nossos méritos. Mas isso não é uma prioridade para mim nem fico desiludido com essa falta de reconhecimento por parte da autarquia. No entanto, claro que é sempre agradável sermos reconhecidos pela terra onde crescemos e vivemos.
Como está a ser esta fase da tua carreira, uma vez que que te encontras lesionado?
HS – Nunca é fácil ficar de fora, muito menos nesta altura pois estamos numa fase de grandes decisões. No entanto, sei que estou próximo de voltar e estou a fazer muito por isso.
Quais são, na tua opinião, as grandes bases para teres alcançado este sucesso?
HS – As grande bases são a paixão, a qualidade do trabalho e, sem qualquer dúvida, todo o apoio das pessoas que estão mais próximas de mim. Sem tudo isto era realmente impossível.