
A In Skené – Companhia de Teatro vai apresentar a sua nova produção, no âmbito do projeto Residências, o espetáculo “La Ronde”, a partir do texto de Arthur Schnitzler, tem estreia marcada para o dia 4 de abril no Auditório Municipal de Gondomar. O Vivacidade entrevistou o ator Carlos Vieira e o encenador João Ferreira, que dirigem o projeto.
Como surgiu o projeto “Residências”?
Carlos Vieira (CV) – O projeto começou quando conheci o João e falamos sobre o trabalho que ele desenvolve em Gondomar, através dos In Skené. Daí até vir aqui [Gondomar] fazer um workshop foi uma questão de tempo. Gostei do que senti e da humanidade das pessoas envolvidas neste projeto. Isso para mim é fundamental.
Ao longo do tempo, continuamos a desenvolver as nossas conversas. Entretanto, eu fui para Lyon, em 2012, e estive lá até 2016. Graças à rede de contactos que criei por lá, comecei a sentir a necessidade de criar um projeto em que unisse Lyon ao meu país, através de um espaço de residência que me permitisse realizar esse intercâmbio cultural. O João mostrou-se interessado e assim nasceu esta ideia.
Gondomar pareceu-lhe o local ideal para iniciar essa parceria? Porto ou Lisboa não seriam mais tentadores?
CV – Na minha opinião, toda a oferta cultural que fuja aos grandes centros urbanos, como Lisboa e Porto, está a fazer um trabalho de proximidade, junto das comunidades, para que as pessoas possam ter um acesso facilitado à cultura.
Porquê Lyon?
CV – Quando estive lá, fiquei ligado à companhia de teatro do Alexis Henon. É uma família de teatro muito forte em Lyon e durante esse período da minha vida acabei por ficar também ligado ao Consulado Geral de Portugal em Lyon. Desde então, sempre disse que pretendia criar um projeto de intercâmbio e o Consulado foi primeiro apoio que tive.
Entretanto, o João disse que gostava, juntamente com a Câmara Municipal, de apoiar o projeto. O apoio do Município de Gondomar também foi importante porque apadrinhou o projeto e permitiu torná-lo real.
Além disso, existia uma geminação entre Gondomar e Feyzin [faz parte de Lyon], o que revela uma ligação histórica entre estas duas localidades.
João Ferreira (JF) – De resto, essa ligação foi muito curiosa e facilitou o nosso trabalho. Foi uma feliz coincidência. A presença do Alexis também impulsionou muito o “Residências” e moveu muitos apoios. Foi-nos dada carta branca.
Qual era o maior objetivo deste projeto?
JF – Quando apresentamos o projeto a primeira reação foi de impossibilidade. Produzir um espetáculo do zero, com um elenco que não se conhece, bilingue e itinerário, tudo num espaço curto de tempo, despertou alguma dificuldade, curiosidade e expectativa, mas está mesmo a acontecer.
As instituições que nos apoiam deram-nos um voto de confiança muito importante. Importa realçar isso.
O espetáculo terá essa particularidade de ser apresentado em várias línguas…
JF – Esse foi o nosso grande desafio. Felizmente, a Sofia Araújo faz parte do nosso grupo e está ligada à literatura, tal como a professora Ana Paula Coutinho, da Universidade do Porto. Essa ligação acabou por originar um protocolo de apoio ao “Residências”.
Porque decidiram chamar-lhe “Residências”?
CV – Precisamente por ser um espaço de encontro de várias pessoas com diferentes origens e uma vontade comum de criar projetos. Esta é a 1ª edição, não sabemos o que acontecerá depois, mas queremos que este ponto de convergência cultural seja real e concretizado.
É um projeto pioneiro, no entanto, vamos tentar fazer o melhor possível. Isto implica receber todos os atores para um estágio de três semanas e todos os dias têm sido de descoberta, sobretudo para quem veio de fora.
A que espetáculo vamos poder assistir no dia 4 de abril, no Auditório Municipal?
CV – O público vai assistir ao “La Ronde”, uma peça de Arthur Schnitzler. Será um espetáculo que mistura o português com o francês e o inglês. Vai estrear em Gondomar e parte depois para Lyon.
É um texto do final do século XIX, sobre a rotatividade das relações humanas. O Alexis fez uma adaptação ao texto original e tornou-o ainda mais atual.
JF – Acho que o público vai gostar da dinâmica da peça, porque em cada cena há sempre dois atores em palco. Na visão do Alexis, o espetáculo poderia ser quase um filme. No final, todas as personagens passaram alguma coisa entre si.
Além disso, a dificuldade de comunicar em várias línguas também está patente no espetáculo. O encenador brincou com esses momentos e criou um lado cómico através dessa particularidade.
Em França, o espetáculo vai estrear a 25 de abril, Dia da Liberdade em Portugal. Foi uma escolha premeditada ou um mero acaso?
JF – Não, foi o nosso objetivo. Faz todo o sentido estrear nesse dia. Feyzin tem uma grande comunidade portuguesa e, por isso, espero que as pessoas possam aproveitar este momento para se sentirem mais ligadas ao seu país de origem.
O “Residências” terá uma 2ª edição?
CV – Vamos ter que fazer uma reflexão sobre essa continuidade. O projeto é pequeno, levou um ano a ficar de pé, mas queremos refletir sobre ele.
JF – Todos os dias sinto que foi uma aposta ganha. Tenho a certeza que o público vai querer conhecer o que estamos a preparar e julgo que o projeto terá essa continuidade.
Estas ideias mudam cidades e revolucionam as comunidades. Gondomar tem aqui condições para criar aqui uma continuidade de um projeto cultural muito interessante.
Município de Gondomar associou-se ao projeto
A Câmara Municipal de Gondomar é um dos principais parceiros do “Residências”, tendo-se associado desde muito cedo à ideia de intercâmbio cultural, através do teatro.
“Nós não dizemos que sim a todos os projetos que nos são apresentados, a não ser aos que têm qualidade, a esses dizemos sempre que sim. Neste caso, há uma série de parceiros envolvidos no projeto que sustentam esta iniciativa. Da nossa parte Município, foi lançado o desafio de estabelecer uma parceria com Lyon, mais concretamente Feyzin, e fizemos todos os esforços para que isso acontecesse”, afirma Luís Filipe Araújo, vice-presidente e vereador da Cultura do Munícipio de Gondomar.
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