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Manuel Silva: “O meu amor à terra e a esta camisola falaram mais alto e não vejo qualquer problema em jogar numa segunda divisão”

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Manuel Silva - setembro 2018
Manuel Silva está a competir nas fileiras da Ala de Gondomar / Foto: Tiago Santos Nogueira

Manuel Silva cresceu a jogar voleibol na Ala de Nun’Álvares de Gondomar e, volvidos mais de 20 anos, está de regresso com a mesma ambição. Volta um pouco mais pesado, mas somente na sala de troféus. Com dez Campeonatos Nacionais, oito Taças de Portugal, quatro Supertaças, um Campeonato Espanhol e uma Taça do Rei, o primeiro português a ganhar um título fora do seu país promete muito trabalho nesta nova aventura em Gondomar.

Como surgiu a paixão pelo voleibol?
É uma história engraçada. Os meus pais e os pais do Rui Castro viviam na Gandra, aqui perto da Ala. E nós íamos para a casa dos pais do Zé Manel (diretor da Ala) brincar, onde existia um espaço em paralelo, nas videiras. Eles cortaram aquilo e sobraram dois ferros, amarramos uma corda e estava tudo pronto para o voleibol. Foram-me, assim, ensinando as bases e cresceu essa paixão pelo voleibol. Joguei na Ala desde o escalão “minis” até ao primeiro ano de seniores, onde saí para o Sporting de Espinho.

E, agora, estás de volta à equipa da terra. Queres explicar-nos o porquê?
É um desafio diferente, saí daqui há largos anos, já como sénior… E voltei, sobretudo, porque gosto do clube e das pessoas. Acompanho a Ala há muito tempo, costumava vir aqui fazer um treino de vez em quando. Sendo que isto, de um ano para o outro, mudou muito. O treinador, a mentalidade e vamos dar o nosso melhor. O meu amor à terra e a esta camisola falaram mais alto e não vejo qualquer problema em jogar numa segunda divisão. Os países da Europa mais fortes em voleibol têm grande qualidade na segunda divisão, às vezes até superior à primeira.

Sempre jogaste na zona 4 ao longo da tua carreira?
Não, comecei a jogar voleibol como passador. Fui para a zona 1 e depois também comecei a jogar na zona 4. Sinto-me muito bem a jogar nessas duas posições.

Quais são os objetivos da Ala para a presente temporada?
Para conseguirmos títulos temos que ter muita vontade de trabalhar, muita dedicação, muitas horas dentro de um pavilhão, verdadeiro foco naquilo que são os nossos objetivos. Os títulos no voleibol são o reflexo de muito trabalho. Muitos dias longe da família, dos amigos, com dedicação extrema. E, aqui na Ala, temos que ter os pés bem assentes na terra, só por vir um jogador ou outro não quer dizer que vamos subir de divisão. Agora é claro que o meu objetivo passa por ajudar a Ala a conquistar algo.

Trouxeste experiência a uma equipa muito jovem…
Sim, esta é uma equipa bastante jovem, onde muitos não têm verdadeira experiência no voleibol. A palavra voleibol significa muito, é preciso suar sempre a camisola e nunca rejeitar um treino. Tento transmitir a minha experiência e a minha ambição a todos os meus companheiros.

É, hoje, possível viver-se do voleibol em Portugal?
Para viver do voleibol em Portugal tudo depende do clube onde se joga. O Sporting e o Benfica estão muito acima da média em termos de orçamento. E, por isso, acho que vai ser uma guerra entre eles para o título nacional.

Trazer o Manuel Silva para jogar voleibol na Ala não se adivinhava tarefa fácil. Como foi conseguido esse acordo?
O acordo foi feito com o treinador e alguns jogadores. Entre eles arranjaram forma de me pagar o estipulado. No fundo foi um convite do Tiago Rocha (treinador dos seniores da Ala). A conversa foi mais com o treinador do que com a direção.

Optaste por abandonar a seleção aos 41 anos. Decisão difícil?
Sim, foi uma decisão muito difícil. A seleção nacional é a grande montra para um atleta, tens a oportunidade de te mostrar ao mundo. Mas foram 23 anos de seleção e durante esses 23 anos foram poucas as férias. Terminava o Campeonato e vinha a seleção. Não decidi abandonar por estar mal fisicamente, foi sim a pensar no tempo que também precisava de dedicar extra-voleibol.

Sensação de arrependimento nos anos que se seguiram a essa opção?
Não, não me arrependo de nada. Isto porque sinto que honrei até ao último segundo aquela camisola e aquele símbolo de ser português.

Qual o momento alto da tua carreira?
A conquista da Liga Europeia e a qualificação para o Mundial de 2002. Andamos dez anos para ganhar um título por Portugal. Ficávamos sempre à porta de conquistar algo e finalmente conseguimos um título europeu para o voleibol. Sendo que uma semana antes do apuramento para o Campeonato do Mundo da Argentina, em 2002, alguns jogadores decidiram ir jogar voleibol de praia. O Juan Diaz (selecionador nacional na altura) reuniu com todos e alguns acabaram por sair. Os diretores da Federação não queriam acreditar que íamos com tão poucos e, no final, conseguimos o apuramento. Num Mundial que, posteriormente, ficamos nos oito primeiros lugares.

E a nível de clubes?
Sem qualquer desrespeito por outro clube, tenho que referir o Numancia. Foi muito especial ser o primeiro português a vencer um título fora de Portugal e, claro, a conquista da Taça do Rei, entregue pelo Rei de Espanha. Foram momentos marcantes.

Pensas em ser treinador depois de terminares a tua carreira como jogador?
Sim, até porque mesmo não sendo licenciado em Educação Física, lidei de perto com grandes treinadores ao longo da minha carreira e fui aprendendo muito com eles. Essa experiência será sempre uma mais-valia.

Qual o treinador que mais te marcou ao longo de todos estes anos?
Juan Diaz. Um selecionador que catapultou o nível da seleção portuguesa de voleibol. Mas, como disse anteriormente, isso só foi possível com muito trabalho. Treinávamos três horas de manhã e três horas à tarde. Num estágio, 11 juniores foram treinar connosco, nove deles saíram de lá com fraturas de stress. E porquê? Porque não estão habituados a treinar com essa intensidade nos clubes. Os nossos treinos não eram assim tão puxados.

E, já agora, qual foi o companheiro de equipa com quem mais gostaste de jogar?
Tenho que dizer dois. Miguel Maia, que me ensinou muitas coisas. E o Carlos Teixeira, líbero que terminou a carreira na Fonte do Bastardo. Eu e ele jogávamos juntos de olhos fechados.

Para terminar, a nossa terra… Sentes que o desporto em Gondomar está em crescimento?
Sim, vejo que está em crescimento e o Município tem apoiado o desporto para que esse crescimento seja um facto. Mas julgo que o voleibol foi um pouco colocado de parte. É que se Ala é o terceiro clube da Federação com mais atletas inscritos, temos que fazer isto mexer. No entanto, há pessoas do nosso concelho que não querem que o voleibol da Ala cresça. O porquê eu não sei.

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6 COMENTÁRIOS

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