O concelho de Gondomar, 45 anos depois do 25 de Abril, continua sem ver resolvidas questões estruturantes como o ordenamento do território e as assimetrias existentes entre as várias freguesias. Ao fim de 45 anos continuamos a ter um “alto concelho” onde se inserem as freguesias de Foz de Sousa, Covelo, Medas, Melres e Lomba e um concelho mais urbano com as freguesias de Baguim do Monte, Rio Tinto, Fânzeres, S. Pedro da Cova, S. Cosme, Jovim e Valbom. As desigualdades sociais, económicas e de desenvolvimento são enormes entre estes territórios do concelho.
Ao refletirmos sobre as opções políticas dos executivos municipais nos últimos anos, os objetivos traçados e os resultados obtidos, rapidamente nos apercebemos que o município não tem um plano de intervenção em áreas estruturais para o desenvolvimento do concelho, apesar da prática nos ter vindo a demonstrar que as opções de gestão de cada município produzem, necessariamente, resultados mais ou menos positivos ou negativos que marcarão para sempre o desenvolvimento de um território. Ou seja, o que se faz e o que não se faz, o que se faz mal e o que se faz bem resulta sempre em algo que marca a diferença para melhor ou para pior no desenvolvimento de qualquer território.
Em Gondomar, tem sido mais o que não se faz e o que se faz mal. E assim, continuamos ao fim de 45 anos de democracia e de poder local a ter um concelho desigual, assimétrico, com indicadores de desenvolvimento extremamente preocupantes, como é o caso da perda gradual de população; do envelhecimento acentuado da população nas freguesias rurais; da perda acentuada de alunos matriculados nas escolas do concelho; da diminuição do número de empresas no universo da Área Metropolitana do Porto; da diminuição drástica da atividade agrícola; da não concretização de projetos rodoviários fundamentais para a mobilidade da população; do elevado peso automóvel nas deslocações pendulares por falta de uma rede de transportes públicos abrangente e devidamente planificada; de projetos ambientais que contrariem o aumento assustador da área ardida e do risco de perigosidade; do negativo estado de conservação das massas de água do concelho com total falta de informação do Plano de Gestão da Rede Hidrográfica e uma baixíssima taxa de execução do Programa Intermunicipal de Valorização do Douro; do aumento do património degradado, sobretudo nas freguesias urbanas; do efeito dormitório com tendência a transformar Gondomar num concelho periférico sem vida própria; do fecho recorrente de serviços públicos essenciais às dinâmicas de fixação das populações, etc., etc..
Ora, como bem sabemos, não há desenvolvimento dos territórios sem a sua ocupação. É urgente criar condições no concelho para fixar a população. Uma ocupação ordenada, equilibrada e sustentável em todo o território. E como também bem sabemos, nada disto será possível sem políticas sérias que privilegiem os meios de produção, a criação de emprego e a existências de serviços públicos de proximidade.
Nesta matéria, continua a fazer-se pouco e mal em Gondomar.