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Sábado, Setembro 30, 2023

Um ano depois da pandemia que avassalou a vida dos gondomarenses

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Para muitos, o ano de 2020 ficará como o período do século XXI, em que a palavra “medo” tornou-se um dos adjetivos mais utilizados do dicionário. Medo do desconhecido, medo do amanhã e medo de não ter a vida que tínhamos de volta. Chegamos ao primeiro semestre de 2021 e podemos constatar que o último ano foi uma montanha russa de emoções para os gondomarenses.

> Cristina Pascoal responsável da ACES de Gondomar

Desde agosto de 2019 que Cristina Pascoal assumiu o cargo de responsável da ACES de Gondomar. O último ano da profissional de saúde foi um desafio que ficará na sua memória, pelo que passou na sua vida pessoal e profissional.

No início, “Nunca sabíamos bem como ia ser o dia seguinte, porque estávamos sempre a receber indicações novas”. Como era uma situação desconhecida as informações saiam todos os dias “E tínhamos que estar constantemente atualizar-nos”. Naquela altura, nada era certo e apesar de ter passado um ano e a situação estar melhor, o panorama mantém-se. Afinal, é difícil prever o dia do amanhã quando o COVID ainda está em jogo.

Para Cristina, foram 12 meses de ajuste constante de tarefas. Antes do COVID, “Vivíamos seguros, tínhamos o nosso horário e pelo menos tínhamos o nosso tempo de descanso”. No entanto, com a pandemia os fins de semana passaram a ser agitados,”Nunca tinha vivido uma situação destas, nem na vida pessoal, nem na profissional”.

Enquanto profissional de saúde, há uma sensação geral que Cristina nos descreve numa palavra “Responsabilidade”. Responsabilidade de que “Temos que fazer, porque está em causa o bem estar da sociedade”. Foi esse o sentimento que fez com que “Esquecêssemos um pouco de nós como seres humanos”. Para a enfermeira, o facto de isto ter acontecido foi um erro, porque embora haja a responsabilidade de ajudar “Nós temos que pensar que pode acontecer connosco”. Quanto ao assunto a representante dá o exemplo do ACES de Gondomar que “Logo no início da pandemia” tiveram alguns casos.

Em março de 2020, a responsável ficou infetada. Como ela, os seus colegas de trabalhos, “Ver a minha equipa a ficar infetada foi um sufoco”. E para piorar havia o medo “Do desconhecido”. “Testei positivo, mas estive sempre a trabalhar em teletrabalho”, o que foi uma experiência “Terrível”, porque comandar uma equipa através do computador em casa “Não é tarefa fácil”. Nesta época a principal preocupação na sua vida pessoal era as pessoas com mais idade. “No meu caso, eu e o meu marido ficamos infetados e tivemos que nos isolar do nosso filho que não testou positivo. A dificuldade é mesmo com os mais velhos, porque os meus pais estiveram seis semanas sem poder estar connosco”. A responsável demonstra a sua preocupação com os idosos do país, visto que no último ano foram obrigados a ficar em casa, “Nós sempre incentivamos as pessoas mais velhas a se manterem ativas, neste último ano devido ao confinamento essa situação regrediu e na minha perspectiva vai trazer muitos efeitos secundários”.

Como popularmente dizemos é com os desafios que aprendemos e assim foi para a diretora da ACES de Gondomar, “Aprendi que de facto é sempre possível arranjar soluções perante estas situações, por mais complicadas que sejam, nós encontramos sempre força, estruturas e meios para dar resposta”.

“Toda esta experiência foi um percurso porque todas as modificações e ajustes que fomos realizando, foram sendo feitas à medida que fomos percebendo a evolução da pandemia”, explica Cristina Pascoal. A responsável continua por referir que Gondomar, foi um dos primeiros Municípios a entrar na linha vermelha de infetados, “Nós achamos sempre que podíamos ter feito alguma coisa diferente, mas considero que conseguimos de uma forma proativa dar resposta a tudo o que se passou. Independentemente da falta de recursos e da questão económica do país”.

Quanto à parceria que foi realizada com a Câmara e com as Juntas do concelho de Gondomar, Cristina descreve a experiência numa única palavra “Excelente”. A responsável explica que ambas entidades “têm tido um papel fundamental em toda a logística e operação de vacinação. Eles colaboram em tudo, com meios, com pessoal e com material. Apenas tenho a dizer que tem sido um trabalho em equipa muito bom”, porque na perspetiva da mesma, juntos fazemos a força e quando trabalhamos em equipa passamos uma “Mensagem de esperança e conforto” para os cidadãos. Ainda sobre o processo de vacinação, Cristina Pascoal revelou ao VivaCidade que neste momento, “Estamos a vacinar por dia cerca de 400\500 pessoas, no Multiusos”. E acrescenta ainda que da primeira fase das pessoas ilegíveis para vacinação, já se encontram “Praticamente todas vacinadas. Portanto está a correr conforme o previsto”. No entanto, a profissional esclarece que o ritmo de vacinação no concelho, está a correr conforme a disponibilização de vacinas e garante que não há nenhum desperdício das que são fornecidas ao Município.

O ritmo da vacinação foi definido pela Task Force, Cristina explica que a entidade “Decidiu neste momento a nível nacional e perante o panorama atual, fazer uma proporção um para nove. Um para a resiliência, para os serviços essenciais e nove para salvar vidas. Portanto das vacinas que recebemos uma parte vai para os profissionais de saúde, enquanto as restantes são destinadas para a proteção das pessoas. Que nesta fase são para salvar as vidas dos idosos e dos doentes acima dos 50 anos com patologias associadas”.

No ponto de vista da responsável “Vamos ter que nos habituar” a viver com a COVID-19, dado que “Penso que vamos ter sempre alguma situação parecida com esta pandemia”. Cristina Pascoal deixa uma mensagem de esperança principalmente agora que iniciamos “O processo de vacinação”.

A diretora da ACES reforça que os profissionais de saúde têm sido “Um orgulho” para ela e para toda a comunidade Gondomarense, pela forma em que se entregaram às suas funções desde o primeiro dia de COVID e agora com o processo de vacinação.

> Catarina Guimarães – Médica da Unidade de Saúde Pública

Na perspetiva da Médica responsável da Unidade de Saúde Pública, Catarina Guimarães, “Tudo está diferente”. Desde março do ano transato as atividades desenvolvidas neste setor da saúde ficaram paradas, porque a principal preocupação era o combate à pandemia.

“Tudo o que era intervenções de prevenção nas escolas, tudo o que era programas de prevenção de tabagismo ou de comportamentos de risco que era feito junto à nossa comunidade, parou”.

A responsável adianta que não tem forma de dizer com precisão se esta paragem foi ou não prejudicial para a sociedade, porque não tiveram tempo de avaliar as consequências. No entanto acredita que com o confinamento “Houve uma grande modificação na vida das pessoas que recebiam estas intervenções, porque não podiam sair de casa”.

Para a médica, o COVID trouxe muita mudança na sua vida profissional e pessoal, dado que teve o desafio de lidar na pele com o vírus. O que na sua opinião não foi um percurso fácil na sua vida.

“Eu fui logo uma das afetadas em março do ano passado. Em minha casa ficamos todos doentes. As normas eram diferentes das que são agora que ao fim de 10 dias estamos curados. Naquela altura, enquanto houvesse testes positivos não podíamos sair de casa”. Apenas passado um mês, no dia 11 de maio, é que a responsável pode retomar a sua vida.

No entanto, o pesadelo para Catarina não ficou por aqui. Em junho teve que ser internada no hospital no departamento de doenças infecciosas, devido a uma situação que pensa que “Tenha sido pós covid”. Para além da sua situação, teve que presenciar o internamento do marido devido a uma pulmonia provocada pelo vírus.

A responsável afirma que o último ano foi muito complicado tanto a nível psicológico, como a nível pessoal porque o vírus deixou sequelas. “Quanto às sequelas físicas só nos últimos meses é que comecei a conseguir fazer uma simples operação no multibanco, para mim entrar no computador e ir a qualquer site daqueles mais complicados, onde é necessário colocar password era uma complicação tremenda, parecia uma idosa que nunca tinha trabalho com um computador, sendo que estas atividades eram normais no meu dia a dia”. A preocupação foi tanta que, Catarina sentiu a necessidade de procurar um profissional de saúde “Porque pensava que estava a ficar com uma demência. Entretanto passou e agora estou a melhorar. O cansaço físico permanece um pouco, mas nada de mais”.

Para Catarina, “Nós só conseguimos perceber o que é este vírus, quando o vivemos na pele”. A própria admite que “Isto nunca vai passar. Acredito que depois de estarmos vacinados vai ser como uma gripe. Nas alturas mais frias, volta e é preciso retomar todos os comportamentos de proteção, mas não acredito que se vá embora de vez”.

A Médica da Unidade de Saúde Pública deixa uma chamada de atenção à população no sentido de que o “Vírus gosta de pessoas. E, estando as pessoas juntas a contaminação é inevitável. Não podemos baixar os braços, porque o vírus vence-nos. É preciso cada um de nós fazer o nosso papel, se não o fizermos, não há nada que nos possa valer. O distanciamento, a máscara e a higienização é essencial enquanto não estivermos todos vacinados. Porque enquanto este vírus não perder força, a atitude pessoal é imprescindível”.

> Catarina Pontes- Auxiliar de limpeza no Centro de Saúde de Rio Tinto

Para Catarina Pontes, auxiliar de limpeza no Centro de Saúde de Rio Tinto, o panorama é o mesmo “Tudo mudou”. A pandemia trouxe à funcionária uma mudança radical na sua vida normal. Agora, com o COVID-19, o seu dia a dia baseia-se na deslocação de casa-trabalho, trabalho- casa. Tirando a exceção quando tem que ir ao supermercado.

A auxiliar também teve que travar uma batalha de “Terror” contra o COVID, porque logo no início da pandemia ficou testou positivo. “Além de mim, o meu filho também ficou infetado, só o meu marido e a minha filha é que não. Estivemos que estar fechados e isolados por muito tempo o que foi uma experiência horrível”.

Quanto ao trabalho de auxiliar “Tivemos que reforçar a higienização”. Tudo tem que estar limpo até ao mínimo detalhe. “Temos muito mais trabalho, mas mais responsabilidade”, tendo em conta que a higienização é a única arma eficiente para combater este inimigo e salvaguardar a segurança dos que por lá passam.

> Salete Coelho, funcionária da União de Freguesias de Melres e Medas

Já no Alto Concelho, estivemos à conversa com Salete Coelho, funcionária da União de Freguesias de Melres e Medas. No momento da nossa entrevista, Salete encontrava-se no Multiusos de Gondomar, a realizar o transporte dos idosos da freguesia até ao Centro de Vacinação. Esta operação resulta de uma pareceria entre a ACES de Gondomar e as instituições do concelho (Câmara e Juntas).

O último ano para Salete “Foi muito complicado e foram meses de muito trabalho”. Logo em março de 2020, quando chegou os primeiros casos de COVID a Portugal, a funcionária confessa que sentiu-se “Apavorada, porque não sabíamos o que esperar, nem como a população iria reagir”. Na perspetiva da profissional, na primeira fase sentiu, com o trabalho em campo, que as pessoas tinham mais “Medo” do que agora na segunda fase. Antes da pandemia o seu trabalho baseava-se no transporte de crianças e noutros serviços que não este de prestar apoio direto à comunidade mais necessitada.

Devido ao seu trabalho diário junto aos idosos, os testemunhos de vida que ouve são imensos, principalmente por conta da pandemia, “Eu sou filha e lamento que haja situações de idosos em que os filhos” negligenciavam o cuidado com os pais.

No entanto, com esta situação, para além de realizar o transporte dos idosos para o Centro de Vacinação, Salete trabalhou diretamente com a equipa da Proteção civil de Gondomar. “Todos eles foram fantásticos. Eu vou mencionar os nomes, porque foram as pessoas que mais me prestaram apoio, que neste caso foi o Patricio e o Paulo Guedes”. A funcionária explica que a ajuda deles foi essencial para que se sentisse tranquila “No meio de tanto caos”. A mesma constata que eles foram os responsáveis para que a própria estivesse completamente à vontade no transporte dos infetados.

Quanto aos idosos que transporta, Salete explica o seguinte: “Eles são a classe mais sensível e desfavorecida perante este vírus. Quanto ao isolamento, eles próprios recusam-se a sair, têm medo, porque sentem que são frágeis perante a situação. Para a vacinação ainda temos algumas reticências, porque alguns vêm na televisão que há uma vacinada que está a dar algum problema e já começam a dizer que não querem vir e tudo mais no entanto, acabam por compreender que é o melhor para eles. E, alguns até pedem mesmo para serem logo vacinados, porque ainda querem andar mais alguns anos aqui”.

No que concerne à sua vida pessoal, os cuidados tiveram de ser reforçados com a pandemia. Antes de entrar em casa, Salete tem o cuidado de trocar a roupa e desinfetar-se na lavandaria. À porta de casa adotou um novo objeto para prevenir a propagação do vírus, um tapete com lixívia para desinfetar o calçado. No que diz respeito à sua vida profissional, a funcionária da União de Freguesias explica que sempre sentiu apoio por parte dos responsáveis, “Nunca deixaram que nada nos faltasse, principalmente em stock de material. Eles pediam sempre para nos protegermos acima de tudo. Quanto a isso dou uma nota de mil estrelas, tanto a nível do Município, como da nossa Junta de Freguesia. Não tenho palavras para o apoio que eles nos deram. Eles estavam sempre muito preocupados e foram espectaculares”.

> Jorge Silva, professor de Educação Especial e o seu filho Pedro Silva

O professor de Educação Especial, Jorge Silva, vive em Melres e é docente da Escola Básica de Eiriz, em Baião.

Em 20 anos de profissão, Jorge descreve o último ano como “anormal”, dado que “Quebrou todas as rotinas inerentes à profissão de professor, porque passamos de um ensino presencial para o ensino à distância”. Para o professor o ensino à distância trouxe mais desafios para a sua vida profissional. O próprio constata que esta nova realidade deixou a “Descoberto muitas fragilidades que este tipo de ensino tem, provocando muitas desigualdades entre os alunos”. Para o educador, nada substitui a eficiência do ensino presencial. Jorge Silva explica que os alunos compreendem o contexto que vivemos atualmente, “E grande parte deles vai cumprindo com o que lhes é pedido no ensino à distância”. No entanto, faz uma ressalva quanto a este método de ensino adotado no último ano, “as dificuldades são muitas e este método à distância só é possível devido à boa vontade dos professores, que disponibilizam na maioria dos casos os seus equipamentos informáticos, pagam a internet e outras despesas associadas, sem serem ressarcidos de qualquer valor”.

Apesar de ser professor e estar habituado a lidar com os mais novos, o facto de trabalhar em casa trouxe outros desafios, porque também é pai. “Neste contexto em que temos de trabalhar em casa ao mesmo tempo que desempenhamos o papel de pai, não é fácil. Ter que preparar atividades letivas, dar aulas e acompanhar os filhos, é uma situação difícil de gerir, principalmente se forem filhos que frequentem o ensino pré-escolar e o 1.o ciclo, que ainda não têm um nível de autonomia que lhes permita fazerem as suas atividades, sem o devido acompanhamento dos pais.” Enquanto pai, Jorge teve sempre a preocupação de explicar aos filhos a realidade pandémica do país, “Tentei sempre passar as informações necessárias para que os meus filhos aprendessem a conviver com a pandemia, nomeadamente explicando-lhes aquilo que devem ou não fazer, para se protegerem, ao mesmo tempo passando uma mensagem de tranquilidade”.

No seu meio de trabalho, a palavra medo nunca esteve presente, visto que sentia todo o cuidado que a escola tinha adotado para salvaguardar a segurança dos utentes do estabelecimento.

Jorge deixa uma mensagem de esperança que em breve tudo volte ao normal, no entanto sublinha que isto só será possível “com o esforço e a colaboração de todos”, só assim é que o docente acredita que iremos ultrapassar esta luta.

Na opinião do filho de Jorge Silva, Pedro Silva, estudante, “viver este último ano de pandemia foi mau”.
O menor revela que não gostou de ter aulas em casa e desabafa que preferia ter aulas presencialmente porque sente falta dos amigos.

Apesar de sentir falta de receber os amigos em casa, Pedro revela que “Conviver mais tempo com os meus pais foi muito bom, porque posso brincar com eles em muitos momentos do dia”.

Mesmo com a pandemia, Pedro listou dois dos seus passatempos preferidos para fazer durante a quarentena, “O que mais gostava de fazer era jogar playstation e fazer caminhadas”.

Apesar da sua tenra idade, Pedro deixa um conselho a todos: “Tenham cuidado e não percam a esperança que o Covid-19 vá embora de Portugal.

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