Foi a responsável por dar ao Município de Gondomar a hegemonia nas sete freguesias e conseguiu trazer a União de Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova para o PS. O que é que representou para si esta vitória?
Eu não coloco assim a questão, porque nunca senti esse peso, ou seja, essa necessidade de ter a vitória por causa disso. Tanto é que, ao longo da minha campanha, andei sempre com tranquilidade e com espírito de equipa, sem carregar nos ombros essa responsabilidade. Portanto, se acontecesse, acontecia, se não acontecesse, nós iríamos respeitar a vontade do povo. Agora, claro que tenho a noção que, em termos políticos é muito importante e até é um fenómeno interessante a estudar, porque este é um concelho que agora tem todas as Juntas com a mesma cor política. Sendo certo que, há muitos anos que São Pedro da Cova pertencia ao Partido Comunista e depois, com a implementação da União de Freguesias, o Partido Comunista ganhou as duas Juntas. Portanto, eu sabia que este seria um desafio difícil. Sempre tive essa consciência. Mas, no dia a dia, quando andava na rua, apesar de muita gente duvidar, eu sentia a vontade dessa mudança. As pessoas iam dando indicações que isto poderia acontecer. Também é preciso ter humildade suficiente para dizer que, nós vencemos porque o PS recuperou muitos votos em São Pedro da Cova e manteve o eleitorado em Fânzeres, que foi um resultado excelente. O meu resultado foi o culminar destas duas situações que nos deu a vitória. Agora, afirmar que o objetivo futuro é precisamente vencer nas duas freguesias e nesse sentido, o meu executivo irá trabalhar todos os dias para podermos conquistar a confiança das pessoas que ainda não acreditam em nós.
Volvidos quatro ou cinco meses, se lhe pedir, agora a frio, para elencar duas ou três pessoas, a quem deve um obrigado por esta vitória?
O primeiro, na minha ótica, é o Presidente Marco Martins. Foi a pessoa que, no fundo sempre acreditou na capacidade que tinha para realizar esta mudança, reeditando uma situação que não aconteceu em 2017, ou seja, nesse ano, fui candidata e não ganhei, mas ele decidiu dar-me novamente esse voto de confiança, sempre com a certeza que eu iria ganhar. Para mim, acho que foi o fator chave para isto acontecer. Depois, eu não consigo particularizar apenas uma pessoa, mas sim uma equipa que esteve sempre ao meu lado e que andou comigo todos os dias, durante muitos meses. Nesse sentido, devemos também a eles, essa vitória.
O seu pai, tendo sido Presidente de Junta há muitos anos, serviu como exemplo para que hoje estivesse aqui, a seguir um pouco o seu legado?
Sim, claro. Numa primeira fase da minha vida autárquica, eu sempre era vista como a filha do José Martins e sentia que carregava um pouco esse peso, de uma forma pacifica e positiva. Claro que é uma pessoa muito reconhecida em Fânzeres, pela sua capacidade de trabalho e por todas as suas conquistas, e as pessoas reconhecem isso. Ele é para mim um exemplo e foi sempre uma das pessoas que sempre me acompanhou no meu dia a dia da campanha, sempre muito motivado e com muita juvenilidade, apesar dos seus 76 anos.
Foi fácil para ele deixar o cartão laranja e continuar a apoiá-la?
Eu acho que sim. Eu sempre recordo de ele dizer que o Partido dele era Fânzeres. Por isso, para ele, sendo esse o lema que sempre me incutiu, foi fácil, porque para além de ser filha dele e ele gostar que ganhasse, ele também reconhecia a minha capacidade de trabalho em prol de ambas as freguesias. Mas acima de tudo imagino, que para ele, deve ser um orgulho ter uma filha no lugar que ele outrora ocupou. E ocupou por gosto, porque ele sempre gostou da vida política.
Em termos de legado, como é que encontrou a União de Freguesias?
A União de Freguesias, em termos financeiros está estável, com um quadro de pessoal que eu entendo que seja pequeno, comparado às necessidades que temos atualmente, mas é aquilo que é possível. Não é a estrutura que nós idealizamos enquanto executivo, mas dentro do que cada Presidente e cada executivo entende fazer na sua liderança, eu respeito e não posso de todo dizer que encontrei a União de Freguesias mal. É uma União de Freguesias que é fácil de trabalhar, porque também a encontrei em boas condições, com uma boa dinâmica de iniciativas, nomeadamente culturais, sendo que muitas delas até vamos manter. Fizemos alterações noutras áreas que também já são notórias, mas isso também está interligado com decisões políticas. E tenho ainda a dizer que, os colaboradores, desde o primeiro momento, fomos muito bem recebidos e acolhidos, para não falar que todos os dias são exemplo de que, não interessa a cor política, mas sim, a equipa que está e que trabalham em prol da população. Nesse aspeto, sou uma privilegiada.
Disse há pouco que ia aproveitar e manter o que de bem estava feito, quer dar dois ou três exemplos?
Um dos exemplos é o Prémio Nacional de Poesia que foi criado em 1990, que vamos manter. Também iremos manter o Concurso das Curtas Metragens, que é do executivo anterior. E, depois, em termos culturais com uma dinâmica menos arrojada, porque queremos canalizar para outras áreas, mas iremos manter o movimento sénior, que é dos executivos anteriores. Quanto às mudanças que realizamos, incidem na área social, como por exemplo, reativamos a Comissão Social da Freguesia e também considero que adotamos uma dinâmica diferente na rua. Nomeadamente, na área da jardinagem, na construção de passeios e ainda, estamos a dar outra dinâmica. Também temos que perceber que o executivo anterior teve a questão da pandemia e isso, parece que não, mas dificultou muito qualquer evento que englobasse muitas pessoas. Mas, no fundo estamos a priorizar as acessibilidades, com a construção de passeios e com a requalificação dos nossos jardins, onde estamos a adquirir algumas máquinas, porque sentimos a necessidade de renovar a nossa maquinaria. E, agora, também foi-nos delegado novas competências. Nomeadamente, no âmbito dos logradouros das EB2\3 e da sinalização horizontal. Isso implica a contratação de mais pessoas. Neste momento, estamos a abrir concursos para a contratação de mais operacionais.
Queremos ainda, implementar uma nova dinâmica no Museu Mineiro. E, nesse sentido, temos já um projeto com a Câmara Municipal para o efeito. Queremos dar uma nova vida e modernizar aquele espaço e isso implica algum investimento por parte da Freguesia. E, uma vez que está a ser construído o Parque Urbano, vamos aproveitar e vamos fazer já esta pequena obra, dentro dos recursos que a Junta tem. Até porque, agora, com a requalificação do Cavalete, podemos ter um polo turístico que dê uma outra imagem e uma vivacidade mais interessante a São Pedro da Cova.
Há 8\9 anos, Gondomar enquanto Município era muito falado por processos em tribunais… Gostava de transformar São Pedro da Cova, numa freguesia que não se fale apenas pelo lado negativo, mas sim como um local propício ou para estar ou para viver…
Sim, sim. Não quero que se fale só do negativo, quero dar outra imagem àquela freguesia. Agora que os resíduos já estão resolvidos e para mim, é uma não questão, quero dar esse salto. E considero que isso, é possível. E há aqui um ponto muito interessante que nunca falei nele que é a monografia da vila de São Pedro da Cova, porque considero que uma freguesia como esta, carregada de muita história dispersa, nos últimos anos, focamos muito a questão dos resíduos e acabamos por esquecer aquilo que é a história -o antes e depois das minas. Falta isso em São Pedro da Cova e esse é um dos projetos que nós já aprovamos em reunião de executivo, e será para avançar. E, penso até que a Câmara estará disponível para nos ajudar nesse sentido. Queremos transformar as nossas Freguesias, numa União de Freguesias asseada e aprazível para viver.
Em termos de desagregação, Fânzeres e São Pedro da Cova são duas freguesias que estão sempre dentro deste tema de conversa, caso até ao próximo mandato haja a desagregação, os fregueses podem contar consigo para ser presidente da Junta de Fânzeres, ou de São Pedro da Cova?
Eu acho que, neste momento, para mim, isso é um não assunto. Isso terá que ser a Assembleia a decidir e depois, logo se vê.
Não acredita que haja desagregação?
Não sei. Não faço a mínima ideia. Não sei qual é a vontade dos deputados da freguesia ou dos municipais. A minha vontade vale zero, porque se tivesse que escolher, seria uma situação difícil para mim, por isso não conseguiria decidir.
A Sofia é uma Presidente de gabinete, ou prefere o acompanhamento mais no terreno?
Nem por isso, aliás eu tenho o agendamento de audiências e tenho dias fixos em cada freguesia, apesar de estar aqui todos os dias. Mas eu sou uma Presidente que está mais na rua, do que no gabinete, porque ao andar a pé na rua, eu vejo os problemas e consigo sinalizá-los para serem resolvidos.
Para terminar, peço-lhe um compromisso para com a União de Freguesias.
O meu compromisso é muito simples. É estar aqui, para resolver os problemas de cada pessoa que venha ter connosco e procure ajuda junto aos nossos serviços. Esse é o meu compromisso diário. Quero estar presente e ajudar a resolver os problemas dos nossos cidadãos. E no fim, o mais satisfatório, são os mimos ou as mensagens que as pessoas mandam a agradecer o nosso trabalho.
Já há esse retorno?
Já! Já há esse retorno. Mandam-nos emails a agradecer e depois, até há casos que dizem “obrigado pela forma rápida e eficaz como resolveram o problema”. E quando recebo essas mensagens mostro aos meus colegas e parabenizo-os, porque é sinal que estamos a realizar bem o nosso trabalho. O que me ajuda é ter também um executivo que está alinhado e isso ajuda a desempenhar o nosso trabalho. ■